Post de Bella Hadid sobre a situação na Palestina (26 de outubro)

Essa é minha tradução do texto publicado por Bella Hadid no dia 26/10/2023 em sua conta no Instagram (ig: bellahadid)

Mayara Lua
3 min readNov 1, 2023

Me perdoem pelo meu silêncio.

Eu ainda não encontrei as palavras ideais para essas duas últimas semanas profundamente complicadas e terríveis, semanas que voltaram a atenção do mundo novamente para uma situação que tem tomado vidas inocentes e afetado famílias há décadas. Eu tenho muito a dizer mas, por hoje, serei breve.

Eu tenho recebido centenas de ameaças de morte diariamente, meu número de telefone foi vazado e minha família se sentiu em perigo. Mas eu não posso continuar a ser silenciada. O medo não é uma opção. As pessoas e crianças na Palestina, especialmente em Gaza, não podem pagar pelo nosso silêncio. Nós não somos corajosos — elas são.

Meu coração sangra com a dor e o trauma que eu estou vendo se desenrolarem, junto com todo o trauma geracional do meu sangue palestino. Vendo o resultado dos ataques aéreos a Gaza, eu lamento com todas as mães que perderam filhos e com os filhos que choram sozinhos, todos os pais, irmãos, irmãs, tios, tias, amigos que nunca mais caminharão por esse mundo.

Eu lamento pelas famílias israelenses que têm lidado com a dor e as consequências do dia 7 de outubro. Independentemente da história daquela terra, eu condeno os ataques terroristas a quaisquer civis, em qualquer lugar. Machucar mulheres e crianças e infligir terror não faz nem deveria fazer nenhum bem pelo movimento Palestina Livre. Eu acredito do fundo do meu coração que nenhuma criança, ninguém em lugar nenhum, deveria ser tomado de sua família, seja temporariamente ou indefinidamente. Isso se aplica igualmente a israelenses e palestinos.

É importante entender a dificuldade do que é ser palestino, em um mundo que não nos enxerga como nada além de terroristas resistindo à paz. É danoso, é vergonhoso e é categoricamente falso.

Meu pai nasceu em Nazaré no ano da Nakba (a expulsão de 750.000 palestinos em 1948). Nove dias depois de nascer, nos braços de sua mãe, ele e sua família foram expulsos da casa deles na Palestina, tornando-se refugiados, longe de um lugar que eles um dia chamaram de lar. Meus avós nunca tiveram a permissão de retornar. Minha família testemunhou 75 anos de violência contra palestinos — mais notavelmente, invasões brutais de assentamento que levaram à destruição de comunidades inteiras, assasinato a sangue frio e remoção forçada de famílias de suas casas. A prática de assentamentos em terras palestinas continua até hoje. A dor que isso causa é inimaginável.

Precisamos todos nos unir na defesa da humanidade e da compaixão — e exigir que nossos líderes façam o mesmo. Todas as religiões são paz — os governos é que são corruptos, e entrelaçar os dois cria o pior pecado de todos. Todos somos um, e Deus criou todos iguais. Todo o sangue derramado, lágrimas e corpos deveriam ser lamentados com o mesmo respeito.

Há uma crise humanitária urgente em Gaza que precisa ser atendida. As famílias precisam de água e comida. Os hospitais precisam de combustível para manter os geradores funcionando, socorrer os feridos e manter as pessoas vivas.

Guerras têm leis — e elas devem ser seguidas não importa o que aconteça.

Nós precisamos continuar pressionando nossos líderes, onde quer que estejamos, para que não se esqueçam das necessidades urgentes das pessoas em Gaza e garantam que civis palestinos inocentes não se tornem fatalidades esquecidas dessa guerra.

Eu estou do lado da humanidade, sabendo que paz e segurança pertencem a todos nós.

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Mayara Lua

Eu me contradigo? Muito bem, então, eu me contradigo; eu sou vasto - eu contenho multitudes." (Walt Whitman) (insta:mayart.b)